quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Definição do tempo semafórico para pedestres

O tema merece comentários.
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Vejamos como costumeiramente é calculado os tempos semafóricos destinados a atender a travessia de pedestres:
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Vermelho: obviamente, é da mesma extensão do tempo do estágio veícular conflitante.
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Verde: quando na carona é da mesma extensão do verde veícular não conflitante e quando não é carona é calculado na base do tempo necessário para realizar a travessia, considerando costumeiramente a velocidade de 1,2 m/s para o pedestre.
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vermelho intermitente: costumeiramente é a metade do verde de pedestres.
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Lembremos ainda o significado da informação de cada cor/modo (vide Anexo II do CTB):
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Vermelho: não deve ser iniciada a travessia.
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Verde: pode ser iniciada a travessia.
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Vermelho intermitente: quem não iniciou a travessia não deve fazê-lo e quem iniciou deve "se deslocar o mais breve possível para o local seguro mais próximo"
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O grande furo deste modo de determinar os tempos semafóricos para pedestres é a falha na informação de quem recebe o verde no término da sua fase. Ocorre neste caso que a pessoa lê a mensagem de poder iniciar a travessia e logo após, ao perceber o vermelho intermitente, percebe que a informação não foi dada de forma confiável, ou seja, naquele momento em que ela iniciou a travessia, na verdade não era possível iniciá-la, pois seria impossível concluí-la. Isto é coisa séria, vez que a confiança na sinalização é matriz de um comportamento seguro no trânsito. É inadimissível que o órgão de trânsito venha a "enganar" seus usuários com informações equivocadas. Uma face desta artimanha é o hábito (principalmente dos mais idosos) de só iniciar a travessia no "verde fresquinho", ou seja, logo em seu início, pois assim o pedestre tem a certeza de que a informação de poder iniciar a travessia é verdadeira. É comum presenciarmos a atitude de pedestres que chegam a um cruzamento, visualizam o verde para pedestres e mesmo assim aguardam o próximo ciclo, só para pegar o "verde fresquinho"
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Afim de manter a confiança na informação dada sugerimos a adoção da seguinte metodologia:
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Verde: para os casos em que a travessia não ocorre na carona é tempo necessário para fazer a "limpeza da caixa", ou seja, para que o último pedestre que estava aguardando para realizar a travessia, inicie-a. O estabelecimento de um verde mínimo é necessário. Para o caso de travessia na carona é o tempo de verde veícular não conflitante menos o vermelho intermitente como a seguir.
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Vermelho intermitente: calculado nos moldes em que hoje é calculado o verde para os casos em que a travessia não ocorre na carona, ou seja, largura da via dividida pela velocidade do pedestre.
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Deste jeito mesmo o pedestre que iniciou a travessia no último instante de verde poderá conclui-la de forma segura, e principalmente confiando na informação veiculada, e contraditoriamente, em alguns casos, o tempo do estágio da travessia diminui.
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Baixe aqui uma planilha com o ensaio comparativo dos dois métodos para diferentes larguras de pista e verdes mínimos para "limpar a caixa".
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O enredo da proposta tem coerência e sua finalidade de reconquistar a confiança do usuário, proporcionando mais segurança e ainda com a possibilidade de fazê-la com um tempo de estágio menor (podendo atender a necessidade de mais tempo ao fluxo veícular) é do tipo "bom, bonito e barato". Como muita coisa na área de engenhária de tráfego vive dando voltas e chegando ao mesmo lugar, fiquei sabendo por meio de amigos que uma metodologia similar ou semelhante já havia sido proposta anteriomente pelo INST (Instituto Nacional de Segurança no Trânsito). Nestas conversas com especialistas foram também apontadas duas dificuldades de implantação do modelo aqui apresentado:
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1 - A percepção dos usuários (e da mídia) de que o tempo de verde do pedestres diminuiu.
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2- A dificuldade em se reprogramar toda a rede e divulgar a informação aos usuários.
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Entendo que todas estas dificuldades são barreiras transponíveis se houver vontade política, e antes de tudo, o aceite dos técnicos.

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